domingo, 10 de maio de 2015

É sábado a noite, sempre os mesmos programas de entretenimento barato passando na Tv e a gente ali olhando pra ela. Não sei quantos finais de semana faz que a cena se repete, mas eu provavelmente poderia fazer o mesmo todos os dias até o final da minha vida sem me sentir entediada.
Houve um tempo que rotinas me chateavam e eu era daquelas garotas que, para gastar energia precisava sair pra uma festa e falar com oito pessoas ao mesmo tempo em um local barulhento onde nada - claramente- não tinha nem pé nem cabeça. 
Perdi o hábito de escrever, na verdade, eu perdi o hábito porque virou obrigação. Como boa estudante de Jornalismo eu escrevo mais do que achei ser possível para um ser humano e minha atual condição mental para textos pessoais está sempre a baixo de zero. É irônico como eu passei de uma menina sozinha escrevendo memórias e tentando guardar detalhes, para alguém que escreve 1600 palavras a cada 3 horas tentando ganhar algum dinheiro.
Eu gosto de chá, em dias frios ele costuma ser sempre a primeira coisa pela qual eu procuro, ganhando até de cobertor. Mas, na casa dele não tem. Ele não costuma gostar de bebidas quentes e faz cara de nojo quando esquento o leite para tomar. Porém, ele sairia de casa para comprar um pacote de chá matte de saquinhos. Com a bicicleta, o vento frio batendo nas bochechas, que deveriam ter mais proteção pela barba que ele deixa por fazer, mas diante da temperatura ter caído tanto no estado quente, já não lhe serve para isso.
Quando ele chega em casa cheirando batata e vai tomar banho, eu ganho mais dez minutinhos sozinha na sala, olhando para a televisão e não assistindo nada. E geralmente é aí que eu penso no quanto somos tão casal. Casal a ponto de dizerem "eles já são CASAdos".
Casados. Palavra CASA-dos. Fiz planos pra mudar de casa por alguns meses.

Meu humor muda fácil, ou as coisas acontecem rápido na minha vida. Pode ser que um pouco dos dois.
Muita coisa é diferente agora, ainda que eu acredite que dentro de mim algo nunca mude, nem desloque um milimetro que seja. No fundo, bem no fundo, ainda sou a mesma de 6 anos atrás.
Recentemente me disseram que eu mudo muito rápido e que no ano passado eu era uma Letícia e agora eu sou uma versão 2.0 daquilo. Parece bem maluco, mas eu até acredito que seja real e admiro quem tem essa percepção.
Na verdade, sempre admirei pessoas com percepções distintas do normal. Aquelas que têm uma visão de mundo maluca e não sabem nem em que mês a gente tá, mas com certeza têm 8000 teorias diferentes sobre aquele filme, ou sobre a história que escutou da mulher que sentou ao lado no metro. 
Eu ia dizer que eu gosto de gente assim porque eu sou um pouco assim. Apesar de ainda escutar a conversa alheia nos transportes públicos e tentar imaginar as cenas, criando as mais variadas e malucas teorias... eu só sou assim BEM lá fundo a essa altura do campeonato.
Eu já tive uma lista de pessoas bem próximas de mim sem noção de tempo e com mil ideias, teorias e maluquices. Atualmente não creio que me sobrou alguma e talvez por isso essa coisa tenha se perdido em mim, mas as minhas teorias antigas continuam aqui muito bem guardadas.

Jornalista acha que é Deus. Acha que pode e sabe de tudo. Definitivamente não poderia ter escolhido melhor profissão, não é? Sempre criei as histórias e as contei pros outros, até para aqueles que não estavam interessados em escutar, sempre imaginei que minha função era externar tudo o que eu sentia com relação a algo ou alguém, mesmo que aquilo não fizesse sentido. E mais que isso, eu sempre tive opiniões sobre os fatos que eu vi e os outros não e fiz disso um verdadeiro evento. Um espetáculo de Vou Contar Uma Coisa Que Vocês Não Viram. E meu deus, eu adorava\adoro tanto quando esse espetáculo enche e todo mundo fica com olhos atentos e a boca entre aberta escutando meus detalhes sórdidos e fazendo mais perguntas sobre o final da confusão.

Minha paciência para externar sentimentos bagunçados ficou por aqui.


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