terça-feira, 26 de maio de 2015

ACORDA SEU PULMÃO

As vezes me sinto cheia, cheia de vida, cheia de ideia, cheia de felicidade, cheia de animação, cheia de planos. As vezes eu sinto minha casa cheia.
Quando minha mãe fica no quarto com seu celular pseudo- novo dando gargalhadas meu peito enche e algo dentro de mim sorri com vontade junto com ela, ainda que eu fique séria e meio mau humorada por fora.
Quando eu penso que ainda não deixou de doer pra ninguém, doí mais em mim.

Eu sempre soube que você era assim, eu nunca esperei de você coisas fantásticas e abraços como o dela. Nunca achei que você me assistiria de primeira fila e bateria palmas de pé com um sorriso orgulhoso.
Mas, parte de mim tinha esperança.

Me sinto distante do que eu sou (ou era).
Eu mudo muito rápido, eu sei, sempre soube.
Um dia me disseram que eu mudava de melhor amiga de acordo com o status de relacionamento delas. Eu fiquei puta, claro. Mas, no fundo eu sabia que era verdade e por isso fiquei mais puta.
Eu sempre tive um arsenal de melhores amigas inseparáveis, com direito a tatuagens iguais e tudo mais. Elas são incríveis, não desmereço elas. Mas, de repente eu olho no espelho e vejo que minha melhores amigas evaporaram mundo afora, ainda que estejam ao meu lado.
Ou vai ver, eu evaporei mundo afora.
Eu me senti triste, sozinha, desamparada, maluca, fora do normal. Hoje me sinto bem quando não tem sombras atrás, entende?
Eu perdi amigos nos últimos tempos. Há quem atribua isso ao meu relacionamento atual, mas também há quem sinta no fundo que isso é uma etapa da vida humana, aquelas dos 20 que todo mundo passa e começa a ser uma pessoa de menos amigos, sabe?
Claro que você talvez viva aos 30, uns aos 15 e eu aos 19.

Foi um conjunto de coisas.
Eu tinha por volta de 14 anos quando mudei de escola. No primeiro mês foi dificil me encaixar, o ambiente era diferente do qual eu sempre costumei frequentar e pela primeira vez os adolescentes realmente pareciam maldoso. Aos 15, eu já tinha minhas amigas, já tava lá toda pomposa com o meu espirito babaca de liderança que na verdade, nunca foi tão de liderança assim ( ou quem sabe tenha deixado de ser pouco depois disso).
Aos 16, eu estava numa nova fase, a escola técnica me trouxe outras visões de mundo e amizades sólidas. E não foi atoa. Pouco depois, houve o episódio de exclusão e me sentir mal e culpada por tudo. Ainda que eu tivesse meus amigos, foi difícil largar algumas ideias ruins sobre o que havia acontecido e eu, sempre muito apegada aos amigos, fiquei sinceramente chateada.
No entanto, a fase boa da etec me mostrou que eu podia ser eu. Sempre meio infantil e moleca, me formei lá quase uma mulher.
As roupas mudaram, o vocabulário, a cor do cabelo e o jeito de fazer amizades também. Eu tinha uma nova personalidade.
Ali eu me sentia forte, poderosa, querida e conhecida.

Outra mudança, cheguei quieta. Uniforme masculino, ainda tinha uma certa vontade de nunca mais fazer amizades em escolas. A primeira professora disse "Você quer fazer moda? Tem jeito pra isso" e, ou alguém já avisado à ela, ou ela era de fato (como afirmou ser) muitíssimo sensitiva. Eu era técnica em moda e dois anos depois isso ainda parece chique demais de se falar e uso sempre que possível.

Não entendia como garotas mimadas podiam reclamar de uma escola como aquela. Fui taxada de boa aluna durante os dois anos que fiquei lá, mas passado alguns meses a característica de quietinha foi se perdendo. Eu era a "Sasa" e estava sempre pronta a ser do grêmio, amiga das pessoas da outra sala ou a convencer algum professor de que não era bem assim.

Ainda não gostava de colégio. Mas, no final das contas foram nesses anos que me encontrei.
O gosto pelo jornalismo já estava aqui, mas deu um "oi" em algum desses momentos.
No último ano, como sempre foi nos três anteriores, eu faltei muito. Mas, tinha amigos legais. As intriguinhas bobas sempre me incomodaram e apesar de adorar as tranças que fazia no meu colega de sala, não levei nenhuma amizade.
As risadas foram boas, sinceras, longas e altas o suficiente pra levar algumas broncas. Nas reuniões acabavam admitindo "Fala pelos cotovelos, falta muito, dorme em aula, ri sem parar... mas, as notas estão ótimas". Inegável que no último ano a gente tenha aprendido a fazer boas colas.

Enem, vestibular. Peraí mãe, é essa aqui que eu quero e desculpe, mas não dá pra mudar de ideia.
Matricula feita.
Primeiro dia. Que droga!

Ao fim do primeiro semestre percebo que ainda não sou tão eu quanto gostaria e esperava ser. Eu sei que não levarei ninguém também. Voltando um pouco na história, nas mudanças e aflições dos 15 anos...A culpa deve ser delas.

Eu trabalho sozinha.

Eu lembro do filme "Os Incriveis" e quem assistiu deve se lembrar também. Ainda que pareça cruel e meu namorado não deva gostar muito da expressão, sinto que algumas (muitas) coisas fizeram com que eu estivesse sempre pronta a fazer sozinha.

Quando faço em conjunto me sinto atrás ou ainda sinto que ninguém tá fazendo certo.

Dentro de um relacionamento amoroso isso se mostra complicado e ser inflexivel não é, nem de longe, uma opção.

Hoje eu tava de frente pro espelho apertando cravos da rosto e sabendo que amanhã eu vou estar toda estragada e vermelha por isso, quando percebi.
Se tudo acabasse agora, pra onde eu iria? Eu ficaria parada bem aqui.
Não me lembro de ter entregado minha vida nas mãos de alguém dessa forma em qualquer momento da minha vida.
Ainda que eu seja, e pareça ser, independente. Sinto que não dá mais pra trabalhar (viver) tão sozinha assim e que não me sobrou outra saída.

A gata é minha. Talvez, é sua mesmo.
O cachorro nunca foi meu. Mas, que droga. As vezes eu esqueço. Não sou """mãe""" dele, não tenho vocação pra ser madrasta alheia. Tô mais pra amiga que fica com uma sonoridade melhor.

Longe de toda essa confusão que minha cabeça faz as vezes, que inclui até o tamanho do meu nariz, eu tenho uma certeza: O que me resta senão brigar, gritar, mas ficar pra sempre?

Nossa Letícia, que papo furado. Você já foi mais inteligente.
Tem razão, já fui. Tem quem diga que ninguém encontra o amor da vida e casa e morre junto antes dos 30 ( e culpam a maturidade).
Sobre maturidade? Tá em falta mesmo. Mas o leite na geladeira também tava e todo mundo sobreviveu - pelos menos nós quatro.
Não, não sei do amanhã e talvez meu nível de dramaticidade esteja bem alto devido a fatores hormonais femininos (tentando não dar ênfase ao drama sem proposito que a palavra tpm traz à minha vida). Dramaticidade em níveis elevados ou não : ninguém aqui vai morrer se acabar, mas talvez eu fique sem um pedaço do coração.

Sem um pedação.

Sem mais da metade.

Por você, pelas risadas, pelo sorriso sincero, pelo abraço na madrugada, pela guerra que é divisão do cobertor. Pela Ramona, pelo cachorro que eu peguei quando o bonde tava andando, pelas fotos ao lado da minha cama. Por cada filme, por cada plano, por todas as arvores nas lagoas. Pelos caquis que sua vó me obrigou a comer, tão como os mashmallows que engoli a força. E até pelas vezes que trocaram meu nome. Por cada vez que eu sai correndo do banheiro pulando de frio e me enfiei no cobertor porque o ar condicionado tava foda. E nossa, porque você lava os garfos muito mal e guarda o liquidificador no quarto onde o cachorro dorme.

domingo, 10 de maio de 2015

É sábado a noite, sempre os mesmos programas de entretenimento barato passando na Tv e a gente ali olhando pra ela. Não sei quantos finais de semana faz que a cena se repete, mas eu provavelmente poderia fazer o mesmo todos os dias até o final da minha vida sem me sentir entediada.
Houve um tempo que rotinas me chateavam e eu era daquelas garotas que, para gastar energia precisava sair pra uma festa e falar com oito pessoas ao mesmo tempo em um local barulhento onde nada - claramente- não tinha nem pé nem cabeça. 
Perdi o hábito de escrever, na verdade, eu perdi o hábito porque virou obrigação. Como boa estudante de Jornalismo eu escrevo mais do que achei ser possível para um ser humano e minha atual condição mental para textos pessoais está sempre a baixo de zero. É irônico como eu passei de uma menina sozinha escrevendo memórias e tentando guardar detalhes, para alguém que escreve 1600 palavras a cada 3 horas tentando ganhar algum dinheiro.
Eu gosto de chá, em dias frios ele costuma ser sempre a primeira coisa pela qual eu procuro, ganhando até de cobertor. Mas, na casa dele não tem. Ele não costuma gostar de bebidas quentes e faz cara de nojo quando esquento o leite para tomar. Porém, ele sairia de casa para comprar um pacote de chá matte de saquinhos. Com a bicicleta, o vento frio batendo nas bochechas, que deveriam ter mais proteção pela barba que ele deixa por fazer, mas diante da temperatura ter caído tanto no estado quente, já não lhe serve para isso.
Quando ele chega em casa cheirando batata e vai tomar banho, eu ganho mais dez minutinhos sozinha na sala, olhando para a televisão e não assistindo nada. E geralmente é aí que eu penso no quanto somos tão casal. Casal a ponto de dizerem "eles já são CASAdos".
Casados. Palavra CASA-dos. Fiz planos pra mudar de casa por alguns meses.

Meu humor muda fácil, ou as coisas acontecem rápido na minha vida. Pode ser que um pouco dos dois.
Muita coisa é diferente agora, ainda que eu acredite que dentro de mim algo nunca mude, nem desloque um milimetro que seja. No fundo, bem no fundo, ainda sou a mesma de 6 anos atrás.
Recentemente me disseram que eu mudo muito rápido e que no ano passado eu era uma Letícia e agora eu sou uma versão 2.0 daquilo. Parece bem maluco, mas eu até acredito que seja real e admiro quem tem essa percepção.
Na verdade, sempre admirei pessoas com percepções distintas do normal. Aquelas que têm uma visão de mundo maluca e não sabem nem em que mês a gente tá, mas com certeza têm 8000 teorias diferentes sobre aquele filme, ou sobre a história que escutou da mulher que sentou ao lado no metro. 
Eu ia dizer que eu gosto de gente assim porque eu sou um pouco assim. Apesar de ainda escutar a conversa alheia nos transportes públicos e tentar imaginar as cenas, criando as mais variadas e malucas teorias... eu só sou assim BEM lá fundo a essa altura do campeonato.
Eu já tive uma lista de pessoas bem próximas de mim sem noção de tempo e com mil ideias, teorias e maluquices. Atualmente não creio que me sobrou alguma e talvez por isso essa coisa tenha se perdido em mim, mas as minhas teorias antigas continuam aqui muito bem guardadas.

Jornalista acha que é Deus. Acha que pode e sabe de tudo. Definitivamente não poderia ter escolhido melhor profissão, não é? Sempre criei as histórias e as contei pros outros, até para aqueles que não estavam interessados em escutar, sempre imaginei que minha função era externar tudo o que eu sentia com relação a algo ou alguém, mesmo que aquilo não fizesse sentido. E mais que isso, eu sempre tive opiniões sobre os fatos que eu vi e os outros não e fiz disso um verdadeiro evento. Um espetáculo de Vou Contar Uma Coisa Que Vocês Não Viram. E meu deus, eu adorava\adoro tanto quando esse espetáculo enche e todo mundo fica com olhos atentos e a boca entre aberta escutando meus detalhes sórdidos e fazendo mais perguntas sobre o final da confusão.

Minha paciência para externar sentimentos bagunçados ficou por aqui.