sábado, 31 de janeiro de 2015

Voando com você, caindo sem você

" ainda sem nós dois o mundo segue são, pois todos vem e vão. Entenda se eu partir"

E agora eu sei, uma daquelas certezas absolutas, do mesmo tipo que eu tenho sobre o céu ser azul, que você vai embora. 
Pior que essa certeza é a de que o que vai sobrar de mim é muito, mas muito menos que textos nos teus blogs. Apenas mais uma ponte na tua vida.

Sem dramas e chantagens psicológicas, sem querer dizer nada, sem tentar te ofender gritando aos ventos que você é um baita " machista opressor". 
Falando em " machismo opressor", nunca tinha visto de perto. Posso dar palestra sobre a essa altura da vida ( brincadeiras a parte, beira o sério esse papo e eu não devia falar em vão sobre o sexismo do século ao ver das garotas ativistas do meu facebook, acho melhor ficar quieta).

Não que eu saiba muito sobre amor, mas sei que eu sempre quis e sonhei com um amor que me tirasse do chão, daquelas que fizesse eu me sentir voando, distorcesse a realidade... Ficar cega de amor! Eu to aqui cega de amor e tentando manter meus princípios pessoais e não passar por cima de tudo em nome de nós dois mais uma vez, e minha vontade de correr até chegar aí não acaba.

Toda vez que me pergunto se realmente vou sentir sua falta eu acabo chorando e pensando que existem muito mais detalhes em você pra amar e sentir uma saudade horrível do que pensei existir. Até tentei fazer um " top 3 coisas que mais vou sentir saudade" - porque eu tenho mania de listar as coisas e você já sabe disso- mas, não consigo chegar nem em um top 20.

Os vídeos que fiz de você servem como ótima forma de tortura. Sua voz, seu sotaque que mesmo que eu tente eu acabo imitando toda hora ( mesmo quando você não está aqui). Seu jeito de me olhar e o seu sorriso que eu só consegui conhecer quando finalmente te vi. 
O dia que te vi, eu senti seu coração batendo quando você me abraçou. Foi um beijo rápido, tímido e desesperado... Não sabia muito bem como agir, nos próximos 10 minutos já parecia que eu tinha nascido só pra te conhecer mesmo e eu já tava pela Paulista te arrastando pra todos os lados de mãos dadas, olhando as luzes de natal e contando histórias que não te interessavam.
A primeira vez que eu estive na sua casa e forma com que você sempre me deixou maluca, em todos os sentidos possíveis. 
Seu suor em mim, toda água que a gente gastou tomando banho juntos ( eu até colocaria a crise hídrica de São Paulo na minha ficha se você morasse aqui). Todas as noites assistindo programas chatos e desinteressantes de tv do seu lado que me davam a sensação de comodidade e rotina tão gostosa...
 Eu nunca fui fã de rotina, " eu gosto é do estrago" e como boa ariana que sou, preciso gastar toda essa minha energia em algo mais animador que horários certos e coisas pre programadas e monótonas, mas eu queria TANTO ter uma rotina com você. Daquelas bem velhos casados mortos, destoando disso só pelas minhas gargalhadas e pelo tanto de vezes que a gente ia transar por semana. 

Eu me perdi de vez mesmo.

Ainda que eu queira buscar uma coisa pra culpar, não sei se existe... Somos fracos e vc pode dizer que não, mas entramos num consenso dessa vez ( não total já que eu acredito que não seja vontade de nenhum dos dois, mas acho que você sempre vai se achar certo).

Te amo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Tamanco

No decorrer da vida, algum idiota ( bem que eu gostaria de me lembrar quem foi) me falou que aquele aperto no coração - que o Andrew me ensinou que era dor na alma mais tarde- tinha o nome de constipação. Pra quem não sabe, constipação é entupimento de vias nasais ou prisão de ventre.. Sendo mais clara, basicamente disseram pra mim que falar que tava com gases significava outra coisa.

Sei lá quantos anos depois de repetir isso por aí, a Camila achou estranho eu falar do nada e nunca notar que todo mundo me olhava com cara de "você tá falando sério?" e me contou a realidade da situção, nisso eu tinha 16 anos. Beirando os 19 eu ainda associo essa maldita palavra ao meu aperto de coração quando ele infelizmente aparece.

Eu sempre achei que essa coisa de escrever sobre tudo que eu sentia e vivia ajudava a me auto-conhecer, mas nos últimos tempos tenho me deparado com tanto de "nem eu sei o que tá rolando comigo" que no final acho que só serviu pros tontos que leem aqui e eu, perder tempo.

Eu falei na brincadeira pra uma das minhas amigas que vieram me procurar ( porque agora é assim, ou vc pergunta ou eu não falo), "Eu tô com impressão que nessa vida todo mundo usa tamanco e ninguém sabe o que é dockside". Apesar de ser uma daquelas frases de princesa de moda it girl fashionista, foi na zuera e faz bastante sentido. Talvez a culpa seja minha por saber o que é dockside e repudiar tanto os tamancos.

Minhas dores de estômago têm se feito mais presente e isso me cansa mais do que mandar e-mail com o assunto "Currículo".

Eu sou do tipo que fica frustrada a cada passo em falso, faço uma cara de insatisfação e continuo com a mesma animação.. Isso claro até eu achar o primeiro colo pra chorar, e como choro, choro toda vez que eu acho que a vida não tá seguindo minha linha de pensamento... e como você pode imaginar, a linha de pensamento dockside tá bem distante da linha tamanco.

Se eu fosse mais clara sobre como tenho me sentido talvez eu recebesse meia dúzia de xingos. Mas, acho que isso já acontece de qualquer forma mesmo.

Devo ter escolhido a faculdade errada, o curso errado, principalmente a cidade errada pra viver.
Escolhido o ano errado pra nascer e certamente o mês, mesmo achando que essa coisa de signo não influencie diretamente... culpar o mês de abril e o signo de aries é sempre válido.
Escolhi uma coisa certa nessa vida, mas as vezes sinto que nunca fui a escolha certa.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Não tem guarda-chuva pro nosso temporal

A verdade é que a gente deixa pra enaltecer as qualidades das pessoas quando elas já se foram, é algo que eu tento evitar o máximo que posso.

Não que eu seja a mais sensata do mundo sempre, na verdade... é bem o contrário. Perco a linha, os sentidos, berro pra quem quiser ouvir e me derrubo.

Eis que os erros e discordâncias são inúmeros e eu não queria escrever sobre isso toda vez, mas a saída no final das contas nem sequer existe. Eu escrevo pra não me perder mais, pra não te perder mais.


Talvez eu nunca tenha dito o quanto seu olhar é doce quando tira o cabelo do meu rosto e segura na minha bochecha pra me dar um beijo. Talvez nunca tenha dito que você abre a boca de um jeito
bonito quando dorme e que gosto ainda mais quando você deita todo jogado com uma perna pra cada lado. Deveria falar sobre o quanto gosto de deitar no seu peito e sentir seu braço passando pelo meu ombro, sobre como você parece perfeitamente maluco na medida certa com o seu olhar de bravo pra homens que passam muito perto de mim ou quando tem jogo do flamengo.

Você é e sempre será um dos meus maiores feitos.







quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Errado

As vezes me perco nos teus motivos e me pergunto quais vantagens tu vê nisso tudo.
Tô aqui, toda errada, nem a cor do meu cabelo ainda parece certa. Não são só meus pés que param de um jeito torto, sou eu toda.

Na verdade, eu nem tenho o que dizer e nem mesmo se eu tentar explicar o que tá acontecendo pra mim mesma, pra você ou pra alguém, vai ficar claro.

Escrever não faz mais sentido, mesmo sabendo que é disso que preciso.

Não esperei uma grande justificativa e nem total entendimento, tem hora que um "eu te amo" resolveria mais que qualquer argumento. Não sou a única a ver, todos enxergam da mesma forma... isso doí ainda mais, será mesmo que tô tão maluca a ponto de começar a realmente crer nisso e continuar?

Hoje eu bloqueei ela, como quem foge desesperadamente do problema. Ainda penso se ela procura ou se isso a machuca ainda mais do que machuca a mim e ela evita. Tomei a decisão por ambas, de certa forma.

Eu crio uma compaixão estranha por pessoas que não conheço, talvez isso me torne de fato uma louca.

Sabe, eu nunca quis tanto assim, será que faço muitas exigências aos céus quando deito a cabeça no travesseiro e faço meus agradecimentos e pedidos diários? Meu deus do céu, as coisas viraram do avesso e elas se acertam, mas nem sequer duram um dia quando você não está aqui.

Confuso dizer o que eu espero e penso a essa altura das coisas, começo a pensar que nada disso deve realmente fazer sentido e eu perdi a linha na metade da história... mas eu sei, eu vejo e sinto que não só sou eu que sei que é assim.

Eu nunca tive tanta certeza das coisas, mas fica difícil quando penso que a certeza do outro provem de uma decepção e projeção de tentativa de se salvar de uma desilusão em cima de mim.



Eu perdi o brilho por hoje e pelos próximos dias.


Sabe o pior? Nada escrito aqui é de fato considerado e vivo num mundo onde as palavras são jogadas ao vento e meus textos não veem servindo pra nada além de encher o blog com esses pensamentos.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Mês dez

Explicações sobre o primeiro nome de blog da minha vida altamente original que saiu de um pensamento totalmente meu, quase como o título.

"Mês dez"- Pensei em um nome que fosse além de palavras que se combinassem, nunca fui fã de coisas aleatórias, ainda mais pra um lugar onde fosse ter minhas lembranças e histórias. Sempre penso em um nome que possa carregar o peso de ter minhas memorias e confissões, algo forte e até sincero.
Outubro, foi um mês que mudou tudo, mesmo que sem querer.
Dois meses antes eu havia comprado o ingresso e esperava ansiosamente pelo grande dia de vê-los, escolhemos roupas e debatemos mil vezes sobre como seria e o que diríamos, houve até textos feitos pra agradecer a última vez que tinham me acolhido por eu estar chorando.
No dia eu me arrumei pra uma festa, fui com um sorriso de orelha a orelha e um shorts curto o bastante pra saber bem porque me olhavam apesar de não ligar pra nada. Dei oi pra metade das pessoas que estavam lá e joguei sorrisos ao vento, reclamei das pessoas chatas e falei mal de quem já tava bêbado aquela hora.
Todos os meus outros amigos entraram e eu fiquei lá, ainda desacreditada que não sofreria lá em baixo e poderia ver o show sentada com direito a um ventiladorzinho nas costas.
Eu sai do meu lugar umas 200 vezes, tipico meu, eu animada sou sempre um poço de chatice e energia.
Nessa história eu passei por ele, eu olhei e num impulso eu disse "OI, HUGO".


....

Essa coisa de amor a distancia é uma novidade pra mim. E no final, se eu pudesse prever eu faria igual.
Dificil te explicar que nunca houve alguém com um tamanho desse na minha vida.
Dificil te dizer que eu faço todas as viagens que precisar.
Mas mais dificil ainda te convencer que quero passar todos os meses do outubro da minha vida com você.

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Pra você o mês de outubro foi de despedida, pra mim foi de voltar a respirar.
Quem respirar de baixo d'agua por tanto tempo, quando volta a superfície se sente vivo como nunca. Ninguém desiste do ar depois que experimenta ele.
Quando tu mandava mensagens de "volta pra nossa casa" eu olhava pro teto do quarto e me perguntava porque ainda vagava por aí.

As coisas ainda eram vagas na minha cabeça até eu te sentir. Eu sabia que te amava, mas associar as coisas, o real e as letras no celular ainda eram difíceis, quando te beijei... eu soube.

Volto pro RJ em 22 dias. Um dia eu volto pra não voltar mais pra São Paulo.


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COM UM BALÃO SÓ, JÁ DÁ PRA VOAR. 


Letra simples. O coração só precisa de ar.

Explicação sobre o título. O antigo era sobre minha tatuagem na costela (que por sinal foi muito dolorida).
A tatuagem foi sobre um livro, a personagem utilizava a frase "Como sairei deste labirinto?" pra discorrer sobre a vida num geral. A vida tem labirintos, os problemas, as coisas, precisamos achar as saídas. Alasca, impulsiva, cheia de pensamentos e teorias... assim como eu. À isso eu devo minha paixão pelo livro.
O novo título vem da ideia de que um balão, teoricamente, seria muito pouco pra sair do chão. Mas, com um só eu já tenho voado. 




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Fica tudo uma confusão quando eu tento entender ou melhorar.
Sabe, já tive problemas maiores e consegui resolve-los, por que diabos esse parece tão impossível?
Eu não consigo entender o por que as coisas se mantem tão complicadas e camufladas e você espera que eu seja algo que eu nem sei o que é. Me pergunto se alguém já foi tudo isso aí e eu sei que já, já soube muitas vezes que ela era "perfeita".
Mas eu nunca fui e nem serei, to ocupada demais tentando resolver milhares de conflitos pessoais por dias, além dos meus amorosos com você.
Porra, desculpa por não ser tão simples ou quem sabe, a culpa é que eu sou muito simples (ou burra) e não consigo entender o que te falta.

Nunca achei que poderia haver um amor que me fizesse mudar de mundo, ir parar num universo paralelo onde só isso importasse. Eu já sofri MUITO por alguém, mas em três eu nunca construí um mundo paralelo, e nem ele... por mais difícil que as vezes parecesse mesclar os mundos, fazíamos e no final não conseguimos mais e passou. Sabia que queria um amor daquele que tira os pés do chão, mas se eu planejo a vida toda ao seu lado e isso não é o bastante o que há de ser?

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

As vezes a gente pensa que nunca vai acabar. A gente cria finais, a gente imagina como o ciclo se fecharia de forma perfeita, como as coisas permaneceriam magicas pra eternidade.
A gente revive os momentos milhares de vezes em nossas mentes e sorri sozinha, a gente preenche nosso vazio com lembranças tão bobas e sorrisos tão rápidos e se ilude achando que é especial e mesmo sabendo que é ilusão deixa isso crescer dentro de nós.
A gente faz amigos que acredita que vá nos seguir o resto da vida, a gente faz planos mirabolantes e consegue realiza-los, a gente chora de felicidade, saudade, de euforia.
A gente vai pra longe, a gente se perde, a gente vê sol se por em ruas que a gente desconhece, a gente ganha abraços de 5 segundos que parecem durar 4 horas quando revivemos, a gente decora a temperatura, a roupa, as falas, os olhares, os detalhes mais sórdidos... na esperança de guardar tudo tudinho pra sempre.
A gente ainda não sabe prever o futuro, mas juramos de pé junto saber a forma com quem vão nos recepcionar na próxima vez que houver um encontro. A gente diz que existe um limite, mas acaba com qualquer um quando sai correndo e abraça ele como se não houvesse mais ninguém olhando. A gente sabe que são pessoas como nós, mas choramos de felicidade comendo fast food enquanto lembramos do dia que passou.
A gente dá um valor dentro da nossa vida imensuravel e acredito ser digno de marcar na pele e na alma. A gente tem muitas histórias e cria parcerias que vamos levar pro tumulo, a gente zera a vida uma vez por mês.
A gente diz que se o mundo sentisse o que sentimos tudo seria mais puro, mais sincero, menos maldoso. Diz que existe um carinho e que recebemos abraços mais apertados. A gente quer e vai eternizar isso.






segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

saudade

"Eu sou o que sobrou entre nós dois, eu sou o amor deixado pra depois."

Vago por aí tentando descobrir porque ainda vago.

Escrevendo frases aleatórias, desenhando uma coisa por cima da outra, arranjando letras de músicas que tenham algum sentido... usando um velho sketch book pra tentar me achar no tempo e na vida.
A verdade vocês me rasga em tantos sentidos e partes, não sobrou nada.

Cada mês que passa alguém leva um pedaço de mim. Levam uma crença, um sonho...

Vocês sabem, não saio por aí dando votos de suicidio e deixando bilhetes que dizem que a vida é ruim. Mas, nesse momento queria ter a opção de acabar com o mundo, pelo menos com o meu mundo.

Não queria parecer tão drama queen a essa altura da vida, mas tô sendo o mais sensata possível apesar do momento ruim.

As coisas não funcionam como antes, mas meu estomago ainda doí da mesma maneira quando fico nervosa. O processo depressivo se mantém igual, salva a parte dos ataques nervosos de frio que não tenho a uns dois meses. Durmo de forma assustadora, escrevo coisas que doem ler mesmo depois de anos ( talvez minhas dores nunca parem de doer) e pareço a maior drama queen do universo, mas a verdade é que sinto cada uma das lagrimas que caem contra minha vontade e deixam minha cara parecida com uma bolacha de tão inchada depois de uma hora chorando.



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Furacão

É dificil pra mim escrever coisas boas em momentos ruins, eu já tinha um texto pronto, mas apaguei... se eu souber descrever, esse ficará muito melhor, apesar da dificuldade é nas piores horas que eu acabo vendo a luz brilhar mais forte.

Eu escrevi um post sobre 2014 cheio de detalhes sobre todas as minhas quedas na rua, sobre todas as vezes que me derrubaram do andar mais alto do prédio e sobre todas as decisões sensatas que eu acredito ter tomado, e ele ficou nos rascunhos... Mas a última parte merece ser transcrita pra cá.

Foi um ano dificil, apesar de ter sido de festa... Quem me conhece sabe que acabo por transformar funerais em micaretas com uma grande frequencia. Todos chegavam e eu permanecia inabalavel, minhas amigas que o digam, escutei tanto "porque você tá tão sem coração?".
Todo mundo provocava uma marolinha, até ele chegar e incitar o furacão.

Eu, apaixonada que sou pelo livro do "Quem é você, Alasca?" ( leiam!), sempre utilizei da frase " Se as pessoas fossem chuva, eu seria a garoa e ela, um furacão". Na maioria das vezes eu me sentia o furacão, as pessoas eram vazias demais, superficiais e simples e eu, nem mesmo consigo decidir se sou indecisa e decidida, como elas podiam ser tão simples e chatas? Terem personalidade e jeitos tão previsíveis e agirem todas da mesma forma? Porque elas não sentiam as coisas como deveriam? E era porque elas não sentiam, que eu não sentia nada por ninguém.

Eu não sei exatamente como aconteceu, mas acho que dá pra considerar como uma história de filme onde você simplesmente olha pra alguém e se apaixona. Nem que tenha sido assim tão simples, onde eu olhei pra ele e os sinos soaram, mas foi quase que isso depois de uns cinco dias.

Não precisou de muito pra eu saber que ele sentia como deveria sentir, ao meu ver. Ele não era raso e eu o disse isso tantas vezes sem ter uma explicação clara do significava que muito provavelmente, até agora, ele não deve ter entendido muito bem o quanto isso é bacana.

O momento ao certo, nunca vou saber dizer, mas cheguei a conclusão em algum dia desses que eu não era mais o furacão, nem ele. Nós eramos, juntos. Juntos nós eramos o furacão.

Cansada da garoa, quando eu vi que além de não ter garoa nessa história, ainda eramos como um só, a queda foi fatal. Como poderia deixar pra lá um evento inédito desse?

Meus pais nunca foram lá muito compreensivos, eu nunca fui um exemplo de filha, nem de namorada, nem de amiga, nem de ser humano... Eu sou assim, impulsiva. Eu sabia que não daria certo, mas eu tava errada.

No dia 30, ele veio a São Paulo pela terceira vez, eu esperei por um tempo até ele chegar. Meu batom ficou todo no rosto dele.

Eu nunca fui boa em criar expectativas, eu sempre imagino as coisas de um tamanho imensurável, eu tenho muitas vontades, mas nem todas elas dependem de mim, aprendi a ser mais cautelosa ao imaginar as coisas com as outras pessoas. No primeiro fim de semana que passamos juntos, eu não esperava muito, pra ser sincera, tava preparada pra possíveis coisas ruins.. afinal, a gente brigava com uma grande frequência e eu não sou do tipo que abaixa a cabeça. Achei que ele era rude e grosso 98% do tempo, mas ele era tão doce quando me olhava.

Ele veio me buscar e eu não esperava muito dos dias que passaria lá, nem sequer criei expectativas sobre como o outro estado deveria ser bonito depois de tanto me dizerem sobre balas perdidas. Eu tava até com medo de como meus pais reagiriam na frente dele.

Eu dormi todo o caminho e ele me ofereceu um colo confortável em todas as horas da viagem, continuava sem saber muito o que imaginar com relação a tudo.

Que ele me deixava a vontade eu soube desde o instante que dei a mão pra ele pela primeira vez no metrô. Não tinha luz, lá é um calor consideravelmente maior que aqui e tudo ainda tava meio estranho pra quem não tinha saído da rota do metrô de São Paulo nos últimos 18 anos, mas sentada no sofá da sala, suando com aqueles prováveis 40 graus, eu me senti mais a vontade do que deitada na minha cama e mais que isso, senti aquelas felicidades que dão uma vontade de pular porque são imensas demais pra gente segurar.

Tenho o costume de ficar falando sem parar e\ou cantando música inexistentes com qualquer frase que falam todas as vezes que eu sinto algum tipo de felicidade plena mesmo que seja por poucos instantes, mas naquela hora eu não fiz nada disso, eu só escutei você dizendo que podiam ver minha bunda da janela se eu não sentasse direito no sofá.

A conclusão geral do passeio foi que no Rio os morros não são nada feios, inclusive a noite onde tem muitas luzes pequeninhas e distantes e provavelmente me dão a sensação gratificante porque não estou sozinha no mundo, mesmo que não conheça ninguém dali, mesmo que eu nem sequer tenha estado no morro, gosto de saber que existem milhares de pessoas ( e isso fica claro quando lá tem muito mais luzes visíveis do que da janela do meu quarto), mas nenhum amor como o meu. Mas que disparate falar dos morros ao invés de falar sobre a arvore na lagoa e sobre como tem umas montanhas em que constroem uns prédios no meio de forma maluca, e as nuvens lá são baixas o suficiente pra se misturarem nas pedras gigantes. Lá as pessoas usam tamanco, parece uma informação desnecessária pra vocês, mas pra mim até me alivia, não tem como alguém usar tamanco e ser boa da cabeça no ano de 2015. Em São Paulo, eu nem tenho um chinelo, eu ando de meia em casa e lá acho que nem vende meia.

Mas é só a conclusão sobre o estado.

A conclusão sobre os dias não dá pra ser redigida sem a explicação de como foram cada um dos
segundos que se passaram.

Tentei te fazer ver os filmes que eu considero os melhores, mas você só assistiu um e ainda blasfemou tamanha obra dizendo que não gostou, mas que absurdo! Só te perdoo porque eu acabei dormindo na metade depois de pedir "10 minutos só, amor... tô com muito sono".
Tentei te ensinar a fazer brigadeiro, e até que os dois que fizemos deu certo... mas você fez queimar um pedaço no segundo e eu acabei esquecendo de fazer de novo pra você no penúltimo dia. Cozinheira de mão cheia, sei fazer só brigadeiro, mas pelo menos isso eu fiz.
Tentei aprender a dar dois beijos, mas deixei tanta gente no vácuo que quando a gente desceu pra encontrar seu pai eu só sabia repetir na minha cabeça "dois beijos, dois beijos, dois beijos" e eu consegui, pelo menos ele não beijou o ar.
A gente discutiu e eu tentei sair do quarto, voltei pra sentar na cama rindo porque nem sequer conseguia abrir a porta sozinha.
Tentei parecer quieta e normal quando fomos pro seu primo, mas acabei abraçando sua prima por esquecer que no rio são 2 beijos, te irritando com a história do Lucas Lucco, vendo foto sua de criança, adorando a Thalita, indignada com o quanto vocês são animados e assustada com o quanto você riu quando estávamos indo embora. Depois disso, disseram que pareço a branca de neve, e devo parecer mesmo, quase me auto convenci de que preciso tomar um sol nesses dias que passei vendo as pessoas bronzeadas na rua.
Cantei Lucas Lucco enquanto a gente via Legendários e você olhava a bunda da Lola ( não tente negar, eu te perdoo), e ainda tinha tempo pra ficar puto com o fato de tocar uma música só dele.
Escutei da sua tia "muito bonita mesmo a sua namorada" e até ganhei presente.
Achei que a gente ia ficar preso no metro, fiz careta pra você pelo reflexo e ainda quase morri de rir com as nossa caretas.
Vi o Athos subindo devagar na porta pra eu fazer carinho nele e não me assustar e ficando histérico quando você aparecia. Ele também tentou interferir nas nossa briga na cozinha te protegendo e latiu porque tava com ciumes de quando a gente se beijava na frente dele.

A verdade é que quando voltei pra casa eu já não via mais sentido em nada.

Na última noite, a gente brigou e eu chorei. Acabei dormindo enquanto pensava em quanto você levaria pra chegar mais perto de mim e me abraçar... a cada dez minutos, mesmo que inconscientemente, mesmo que dormindo, a gente se abraçava, mesmo brigados.

No domingo aquele maldito sino da igreja batia a cada hora que passava, parecia que me avisava que as horas do seu lado estavam acabando, e a cada hora que passava eu te abraçava com mais desespero.

Quando o sino bateu e avisou que já eram três horas, a gente parou o que tava fazendo e se olhou e as coisas mudaram de rumo de uma forma que eu senti que seria impossível me esquecer dos detalhes daquilo pra sempre. Sussurrei que te amava e que seria sua pra sempre por tantas vezes que perdi a conta.

Depois de tomar banho eu sabia que era a hora de ir embora e arrumar a mochila, tirar as roupas que tinha guardado no seu guarda-roupa e colocar todas de volta no lugar vieram (missão dificil pra quem odeia arrumar mochila e ser organizada, mas principalmente pra quem quer tudo menos voltar pra casa). Fiquei sentada do seu lado, ainda de toalha, olhando nosso reflexo distorcido na porta do armário enquanto chorava por uns bons 20 minutos.

Voltando a história pra um tempo anterior, na primeira hora do ano, a gente cantou "sorte é ter você" porque passou na televisão.

Talvez você nunca entenda, talvez nunca faça sentido tudo o que eu já disse e digo, mas ninguém nunca vai saber o quanto é horrível não respirar o mesmo ar que você.

O meu amor é assim, ele compartilha, ele divide, ele soma.

Eu não tenho muito pra te dar além de gargalhadas altas e um abraço quando você chorar. Eu não posso te dar mais que promessas de conquistar o mundo no momento e na maioria das vezes eu não vou querer e aceitar que você apague o brilho de algo meu, por mais infantil e babaca que pareça pra você.

Mas o que eu pude fazer eu vou, mesmo que não seja o bastante, eu dou, mesmo que não seja o suficiente, eu faço mais uma vez.

Você sabe que as mudanças não estão no "você tem razão", estão nos planos que fiz pra vida inteira e conversei com você sobre.

Nesse fim de ano eu não fiquei em casa, eu viajei... Fui pro Rio de Janeiro encontrar o cara da minha vida, mas as vezes o universo tem dessas de me deixar sem chão quando ele diz que nada é o bastante.


ps: eu esqueci minha escova de proposito, pensei que talvez assim você ia lembrar de mim todos os dias quando fosse escovar os dentes... por isso te falei no onibus, pra você não confundir porque a minha era igual a outra que você havia guardado na gaveta.