terça-feira, 15 de setembro de 2015

Hoje, por acaso, encontrei uma velha amiga na faculdade. O primeiro assunto foi sobre meu namoro que não deu certo e ela disse com uma propriedade surreal "Você se entrega muito quando namora".
O que me fez pensar no quão instavel e esquisita eu posso ser.

Depois do Gabriel, eu vivi uma fase de desprezo de qualquer um com o qual eu me envolvesse. Em todas as tentativas de romances, por quase um ano, eu estive pisando em corações e rindo pelas costas daqueles que me pareciam bonzinhos. Os que arrematavam 20 minutos de suspiros eram, justamente, quem não deveria.

Mas, quando o conheci, tudo o que eu pisava no outros... eu deixei que pisassem em mim. Ainda sem ter o visto e saber ao certo o quanto eu era maior que ele na altura, eu já o amava de forma intensa e inconsequente, assim como é tipico meu.

Ontem, entre meus surtos de nervos e bons choros, cantei em silêncio algo que deveria ser meu mantra. "Eu já vi trens maiores vindos de outro lugar e hoje eu sei que vai passar". E, como sei.
Quando meu primeiro namorado virou as costas e foi viver um novo amor, ah... Foi mais dificil do que as palavras podem dizer. Simplesmente, porque além de chorar eu costumava ter acessos de tremedeira e frio que desencadeavam e pressão baixa e sabe se lá o que renderia se não corressem para me acalmar.
Ainda que, depois de anos, eu continue meio surtada, eu reajo melhor a tudo isso. Sei que já doeu mais, sei que já foi mais insuportável, sei que a vida reserva boas novas.

Te ver virando as costas me faz ter vontade de gritar e te obrigar a ficar. Ficar como era antes e não é agora. Porque você não me deixaria ir se fosse mesmo.
É doido ver que aquele morreu, assim como eu também morri e optei por isso. A mudança de cabelo, de cor preferida e de planejamento dos finais de semana foi justamente pra morrer.

Já foi mais dificil, eu já escrevi mais sobre a dor. Já foi insuportavel e imensuravel. Ele era meu melhor amigo enquanto inimigo. E, eu era só uma menina que não imaginava o quanto viria depois dele.
Sem saber de nada eu chorei madrugada a dentro, pedi pra Deus tantas vezes que eu pudesse me casar com ele.
Estranho pensar como também pedi vez ou outra para morar com você.

Deus não manda nos meus relacionamentos e tão pouco deve ajudar. Ele sabe que eu aguento e que não me deu aptidão pra co-pilotos.
Vai ver, eu só preciso de um co-piloto.

Que meus amores platonicos me matem de amor. Que meus amores platonicos me matem de dor.
Que os romances distantes terminem e voltem, se assim for pra ser.
Que os novos ventos tragam sorrisos e um coração leve.
Que eu renasça de vez e pare de chorar a morte da Letícia que matei.

domingo, 13 de setembro de 2015

Carioca

Não, não faz sentido. Não é costume da vida fazer sentido.

Eu tenho um lenço cinza que comprei mais com o intuito de ficar mais bonita com o que te esquentar o pescoço. Ele, por ser de tecido fino, absorve mais o cheiro de cigarro que minhas outras roupas e, por ser acessório é lavado menos que uma camiseta.
O cheiro que fica nele me lembra você. Vago, porém até que tem sentido (se algo, de fato, fizesse nesta história) já que você costumava fumar bastante e cheirar a cigarro na maior parte do tempo.
No meio dos dias frios que fazem em terras paulistanas, eu acabo me flagrando cheirando ele disfarçadamente em meio a um grupo de pessoas animadas ou em uma casa de show enquanto sigo minha - amada- rotina.

Eu decidi te apagar, quase que por acaso.

Ainda que a frase remeta à um filme que nem sequer pertence ao relacionamento em questão, como eu já havia dito à ele... O filme diz muito sobre mim. E, por isso mesmo que foi uma pena você não ter o assistido, mas entendo seus motivos.
Um dia, no meio da confusão de sentimentos que sou e sinto especialmente por você, eu te chamei e sem resposta...Disse adeus como forma de  fugir de algo que, de certa maneira, já me aconteceu antes.
Errado correr das desgraças do percurso, ou quem sabe, inteligente. Eu já fui quem pagou pra ver, quem ficou até o final e sorriu até o último. Mas, eu sei bem que essa história não acaba bem pra alguém e na certa, seria pro meu lado que a corda iria arrebentar.

Eu ainda olho casais e inconscientemente peço aos céus alguém que me olhe do jeito que os rapazes olham pras mocinhos no metrô. Mesmo sabendo que não preciso disso, meu coração pede por um afago que, estranhamente, parece não receber há anos.
Olhei pro lado duas vezes, a qual uma claramente deu errado pro meu lado. Na segunda, como uma forma de blindagem eu já sabia que não passaria de sorrisos trocados e comentários maldosos para minhas amigas.
Meu coração é de pedra vez por outra.

Quem hoje -talvez- leia esse texto, nem de perto é aquele por quem eu escrevi textos apaixonados e contei os dias. Mas, não tome como ofensa, aquele nunca existiu, meu bem.
Fruto de uma imaginação cega, desesperada por amparo e infinitamente apaixonada. A gente acredita no que quer.

Me lembro de quando lhe contei do meu gosto especial pelo som alto e luzes de balada. Você me alertou sobre problemas posteriores. Estava certo.
No entanto, hoje quem se derrama nas baladas não sou eu. E, não que eu esteja enciumada.
Já fiz tanta coisa babaca por aí. Já beijei tantos rapazes sob uma luz que, com certeza, não revelava a verdadeira cara que eles tinham na vida real.
Mas, o choque de realidade que bate a porta é estranho. Quem sabe até mais do que ouvir que teu ídolo vai ter um bebê.

Que, aliás, diante da notícia me botei no lugar. Pensei em como seria se a criança fosse minha e sorri por não ser, mas lembrei que se acontecesse, você, doente que é, disse que ficaria contente. Sem se dar conta da dimensão disso, quase fez com que eu me convencesse que tamanho absurdo podia ser aceitável e passou na memória o quanto eu desejei morar no mesmo teto que você.

Sonho que nunca foi meu. Nunca foi meu, porque o meu é no mundo e não no Rio. Mas, mais que isso, nunca foi meu porque já havia sido de outra antes.

A confusão de amores e relacionamentos que fizemos nunca havia sido vivida por mim, desta forma intensa, antes.
Algo que eu poderia, quem sabe, dispensar.

Quando passa no jornal notícias da tua cidade, quando a reportagem conta sobre algo daí... Eu penso como você tá longe e perto.

As fotos não dizem mais. Chorar perdeu o sentido há algum tempo. Já fazem dois meses. E, nem sequer assimilei como não voltei pela gata. Tantas músicas que sei de cor, tão fascinada pelo universo dos sons e tão louca pra fazer parte disso... Fã e entusiasta de mão cheia de tudo que vem daqui, a favor da nacionalização geral do rock e cheia de marra de sabichona quando vêm falar sobre livros do tema. Mas, ainda não encontrei uma música que falasse sobre nós como eu gostaria.

A busca constante por algo que acalme me traz certa transtorno em algumas noites. E, a ideia de que você, sempre com seu discurso barato sobre amor, vive de uma forma sem culpa nas mesmas noites, me assombra.
Eu devia ter te feito carinho ao inves de ir deitar no sofá da sala com cara de brava.
Eu não sei se eu gostaria um pouco mais de mim se eu não tivesse medo da areia da praia.

Em busca de uma independência de tudo e qualquer coisa, eu fujo de tudo que parece que leva um pedaço de alguma forma.
Eu devia ter feito comida algum dia enquanto você esperava no sofá.
Eu devia ter feito outra carta.
Eu devia ter te ligado pra dar boa noite.
Eu devia ter sido mais legal na tpm.
Desculpa se eu não abri tantas exceções assim pelo amor.

A foto dos pés na areia não me lembram dos dias que a gente gritava e batia porta.
Me lembra que eu viajava todas as sextas-feiras, eram seis horas, doze no final de semana todo. Quando eu chegava você já tinha comprado o que eu tinha escolhido pra comer. Nos feriados, você pegava minha mão e ia me mostrar o que havia de bom na cidade. Não, não gostava tanto assim de praias. Mas, ver filmes o dia inteiro, comer besteiras e ficar com fome no meio da madrugada porque a gente não pensou nisso quando estávamos no mercado.
Entre tapas sem nenhuma sutileza e declarações de amor que terminavam em baixo do chuveiro.


Que a lembrança mantenha viva o lado bom do Rio de Janeiro e do cheiro, sorriso e sotaque.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Eu tô trabalhando enquanto faço uma playlist pra bagunça de amanhã. 
Fazer amigos e embarcar nessa onda universitária fez um bem imensurável pra minha alma. Me sentir parte de um grupo e vê-los se divertindo comigo exatamente pelo que eu sou faz eu me sentir viva, jovem e querida. 

Na semana passada eu me senti parte daquilo há anos, como se fosse a vida inteira para eu ir parar ali. A mesma bagunça que rola amanhã, aconteceu faz menos de 7 dias e eu poderia estender por mais sete, se desse. 

Na última segunda-feira tive um problema de percurso que me obrigou a sentar na Av. Paulista por cerca de uma hora e meia, olhar a pressa das pessoas, as luzes dos prédios e os carros passando. Queria dizer que tive uma reflexão profunda no tempo que passei ali. Mas, não tive. 

Só sentei e esperei que ele passasse por ali como em junho do ano passado. Eu andava de braços dados com o meu ex futuro namorado, que já havia sido meu futuro ex quase noivo em mundos paralelos de quem tem 15 anos... O motivo de término? Ele. Quem eu vi andando rapido e com o olhar sereno? Ele. Avisei "Ele tá ali, posso ir atrás?", claro que antes mesmo da resposta vir eu já tinha corrido até lá. Mas, minha companhia atrapalhou que eu dissesse tudo e abraçasse tudo que tinha pra abraçar.

Pois então, que o tempo o levasse até ali, pois era tudo o que eu precisava naquela noite de clima ameno e céu bonito. Em meio a todas aquelas centenas de pessoas que passaram por mim, tu não passou ali. Afirmou que não passou porque reconheceria seus pés, mãos, olhar, cabelo, roupa, pernas, peito e sorriso em qualquer  lugar, sob qualquer luz, no meio de qualquer multidão.

Vivendo a pena de não ter ganhado o meu abraço, voltei pra casa ainda com os mesmos pesos no ombro e percebi que essa a tal da dor que assola os tais sonhadores. E o que mais eu haveria de ser senão uma sonhadora de mão cheia?

Seguindo os dias eu sei, que ainda que sinta vontade de pegar o próximo vôo para o estado vizinho, eu só preciso respirar e esperar. Esperar para que a salvação e calmaria chegue, porque ela vai chegar.